http://www.maxfranco.com.br/repertorios/dicas-de-leitura/davi-e-golias/

Davi e Golias

10 de maio, 2018 - por Max Franco

Dizem que foi há três mil anos que, num campo de batalha na antiga Palestina, um jovem pastor derrubou um poderoso guerreiro com apenas uma pedra e uma funda. Desde então os nomes Davi e Golias simbolizaram as batalhas entre os mais fracos e os gigantes. A vitória de Davi foi improvável e milagrosa. Ele não deveria ter ganhado.

Até hoje este o continua: Davi e Golias virou um exemplo clássico de como o mais fraco pode vencer o mais forte. Volto a dizer: Davi não deveria ter vencido… ou deveria?

Em ‘Davi e Golias’, Malcolm Gladwell desafia nossas crenças sobre obstáculos e desvantagens, oferecendo uma interpretação nova do que significa ser discriminado, enfrentar uma deficiência, perder pai ou mãe, frequentar uma faculdade medíocre ou sofrer uma série de outros aparentes reveses. Gladwell começa pela história narrada pela Bíblia do que teria realmente ocorrido entre o gigante e o jovem pastor tantos anos atrás e prova como, de fato, era  Davi (pasmem!), na verdade, o grande favorito. Eis a grande sacada do autor: mostrar o fato por outro viés.

Em seguida, com sua habilidade característica para contar boas histórias e envolver o leitor, ele narra importantes acontecimentos na vida de anônimos e famosos, introduzindo conceitos que nos levam a ver o favoritismo com outros olhos. O autor examina o conflito religioso na Irlanda do Norte, a reação dos londrinos aos bombardeios alemães na Segunda Guerra, a mente de pesquisadores do câncer e líderes negros dos direitos civis, os assassinatos e o alto custo da vingança, e a dinâmica das salas de aula que obtêm bons e maus resultados – tudo isso com o intuito de demonstrar que muita coisa bela e importante no mundo surge do que pode ser visto inicialmente como sofrimento e adversidade.

Na tradição dos sucessos anteriores de Gladwell, ‘Davi e Golias’ lança mão da história, da psicologia e de uma narrativa poderosa para abalar e reformular nosso pensamento sobre o mundo à nossa volta.

É, antes de qualquer coisa, um excelente exemplo de como educar por histórias. É prova de como o storytelling pode ser ferramenta educativa quando bem utilizado.