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Um bom contratempo
18 de dezembro, 2018 - por Max Franco
Quantas versões pode ter uma história?
A resposta para essa pergunta é simples. No mínimo 7 bilhões de versões para cada história. Afinal, ainda podemos criar – cada um de nós – mais de uma história.
Mas, a verdade, há quantas?
Essa é uma questão filosófica, quase ontológica.
A rigor, existe apenas uma.
Todavia, o difícil é descobrir por aonde ela anda, como ela é, o que come e como faz para procriar tantas versões de si mesma.
Verdade, afinal, é como nuvem. Ela existe, sabemos das suas serventias, mas não pegamos ou guardamos na gaveta.
No mundo da ficção, estamos no ano da Espanha. A série mais badalada foi “A casa de papel” e o filme mais inteligente é “Contratempo”, que pode ser encontrado no netflix.
A Espanha ainda é berço de outros excelentes ficcionistas no campo da Literatura: Carlos Ruiz Zafon, Albert Sanchez Piñol e Ildefonso Falcones ( que também tem um livro seu no netflix com a série “A catedral do mar”).
Em “Contratempo”, podemos assistir a um filme de suspense e mistério quase ao estilo de Agatha Christie. O assassino só descoberto nas últimas páginas, ou minutos. Até lá, o espectador é guiado por uma narrativa confessional das mais instigantes já apresentadas na ficção.
“Contratempo” talvez merecesse um ator melhor como protagonista, mas o roteiro é tão rico que você até se esquece disso. Mas vale lembrar: o fio do novelo que você seguirá nesse labirinto foi deixado lá de propósito, mas não obrigatoriamente para que se ache a saída.
Histórias são sempre contadas por determinados motivos.
A verdade, porém, nunca está à vista e raramente pode ser definida a olho nu.
Verdade garimpa-se.
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