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Se a vacina não vier logo
13 de novembro, 2020 - por Max Franco
Não sabemos bem por qual motivo, mas está povoando o imaginário popular que bastará mudar o dígito do ano para estejamos todos serelepes, livres, leves e soltos, desmascarados, alforriados e – finalmente – descovidados.
Infelizmente, mais uma vez, essa teoria está mais para o escapismo do que para a realidade dos fatos.
A questão é simples: não serão os fogos de artifício do ansiado ano novo que vão espantar o maldito vírus.
Mesmo que haja uma vacina homologada e carimbada até dezembro (e esperamos ansiosamente que exista!) não se vacina bilhões de pessoas em um estalar de dedos. Entretanto, já seria um enorme lenitivo se saber que temos um portal de saída para essa Matrix virulenta na qual nos metemos.
Mas, se não houver vacina tão cedo?
Os números apontam que quanto menor o distanciamento, maior é o contágio. Cada um pode tecer a narrativa que bem quiser. Pode apontar as teorias que desejar. Todavia, números são sempre números. Podem até tentar maquiá-los, mas já são mais de um milhão e trezentos mil mortos pela pandemia. No Brasil, nada barra o pensamento que não teremos mais de duzentos mil, muito brevemente.
Para piorar, aqui por essas bandas, há mandatários que são partidários do vírus. Que incentivam que enfrentemos o corona de peito aberto, como não houvesse nem risco nem amanhã.
Não obstante, parece que nem o vírus nem os números atestam essas teorias estapafúrdias.
A verdade é que o único argumento que esse vírus aceita é aquele que vem da Ciência. E Ela sugere apenas quatro medidas para se lidar com a pandemia: higiene, distanciamento social, máscaras e vacina. Pouco importa a nacionalidade, a religião, a ideologia, o time pelo qual torce da vacina. Vacina é néctar dos deuses, liberdade e salvação.
E os antivacinistas? É bem simples. Essa discussão, por sinal, já deveria ter sido superada faz um século. Mas essa tal de modernidade é uma fraude. Nos prometeram teletransporte e carros voadores. O século XXI, por sua vez, é repleto de igrejas barulhentas, fascistas, homofóbicos, racistas, machistas e terraplanistas. Um anacronismo completo. Pelo bem maior da coletividade, os antivacinistas, portanto, deveriam se conscientizar de que precisariam ser vacinados e, em casos críticos, precisam ter cada vez menos palco. Ninguém tem direito de fazer apologia ao genocídio. Ninguém pode voz aos insensatos.
Este é dos problemas da palavra “empoderamento”. Desde que ela foi inventada, todo mundo acha que deve e merece ser empoderado. Não é verdade! O equívoco jamais merece poder.
– E as escolas?
Falar de Educação no mundo hodierno é das questões mais espinhosas.
Sabemos que o retorno às aulas presenciais não trouxe maior contágio. As escolas têm feito um bom trabalho e são os lugares mais seguros nos quais uma criança pode estar hoje. Certamente, são logradouros mais seguros do que muito playground por aí. Contudo, não são só crianças e adolescentes que vão à escola. O que fazer com os adultos, muitos de grupos de risco, que precisam trabalhar nessas instituições?
Sabemos, porém, que já há um aumento gradual de casos de covid no mundo inteiro. É a famigerada segunda onda. Como se não tivesse bastado o primeiro tsunami, já se avizinha outro.
Como lidar com essa situação?
Algumas respostas, já temos: a escola continuará híbrida, aulas remotas, rodízio de alunos, atividades síncronas e assíncronas. Todavia, há perguntas que merecem soluções mais complexas.
Pedagogicamente, o ano de 2020 foi realmente aproveitável? Houve aprendizagem significativa? Os setores público e particular se equivalem? Qual o tamanho do abismo entre os dois?
E temos uma questão ainda mais perturbadora:
– E 2021 será diferente de 2020?
A impressão que temos é que a escola foi também infectada pelo vírus e se encontra, também ela, ligada a aparelhos, asfixiada e se afogando nos próprios fluidos. Não há vacina para a Educação brasileira nesse período coronado?
A verdade é que há, sim, outras formas de fazer Educação, mas escola padece sob o jugo dos seus vícios.
Afinal, não há motivos que expliquem por que as escolas não estão aproveitando o momento para implementar outras estratégias pedagógicas. Por exemplo, esta é a oportunidade para se trabalhar com projetos, com cultura maker, storytelling, gamificação e, inclusive, com estudos do meio. Como assim “estudos do meio” se sair é tão complicado? Simples: é só se fazer visitas virtuais a cidades, monumentos, museus…
Por que as casas de Educação não fogem da velhas estradas e acabam propondo as mesmas coisas? Talvez por preguiça. Talvez por falta de conhecimento das metodologias aplicáveis. Talvez por ambas razões.
Verifica-se, portanto, que é verdade que os professores precisaram se adaptar com muita rapidez e alguma falta de destreza às novas tecnologias. Entretanto, a adoção de novas metodologias ainda deixa muito a desejar.
Em outras palavras, um grande desperdício de possibilidades que, caso propostas, fariam muito bem à Educação.
Ainda podem fazer.
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