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2024: o ano que durou um mês
21 de dezembro, 2024 - por Max Franco
Ariano dizia que era apaixonado pela vida: “Eu amo profundamente a vida. Olhe que essa maldita tem me maltratado, mas eu gosto dela”.
Aqui encontramos um dos maiores problemas de quem se dispõe a manusear palavras nas atualidades: tudo que vale a pena ser dito, escrito ou composto já foi.
Você discorda? Pois, faça o seguinte: crie a frase mais disruptiva, revolucionária e criativa que você seja capaz. Vou lhe dar alguns minutos.
– Pronto. Conseguiu? Agora dê um google e verifique que você falhou miseravelmente! (Isso também já foi dito!)
Não há nada de novo sob o sol. As gerações anteriores nos anteciparam também em genialidades. O que nos resta então é citá-las, se quisermos ser honestos; ou plagiá-las, se não.
Um texto de fim de ano, por exemplo, tem absolutamente todos os elementos para atrair eventuais clichês e lugares-comuns. Retrospectivas são vocacionadas a se transformarem em uma colcha de retalhos de obviedades. Entretanto, mesmo sabendo que corro o risco de servir café requentado, desejo dizer algo sobre este ano que se esvai loucamente veloz.
2024 foi um ano-pílula, um gole e pronto. Abriu e logo fechou. Piscou e se foi. Se continuar desse jeito, a velhice vira aquele pedido de ifood que promete chegar em meia hora, mas a campainha toca em dez minutos. Isso foi 2024, um ano delivery. Morrerei logo? Parece.
Comecei com Ariano por isso. Porque este ano, amei-o abastadamente, mas o desinfeliz também me maltratou. Senti muita falta dos amigos e irmãos nesses meses. Fico, em demasia, sem meus filhos. Além de tudo, 2024 me subtraiu a Cleide. Foi um ano, portanto, de amigos e familiares ausentes, de um filho sem mãe e de um pai distante dos filhos. Um ano em que o sofrimento esteve sempre alerta, disponível, leal em cada instante.
Ao mesmo tempo, foi um ano de grandes conquistas profissionais.
E de amar e ser amado sem os atrozes milhares de quilômetros de lonjuras.
– Copo meio cheio… – Alguém dirá.
– Não dá para se ter tudo! – Outro completará.
– A Vida é agridoce, ou amargadoce, azidoce… – Direi.
A Vida é o que é. Eu a amo e ela também me maltrata.
Mas – como também disse Ariano – “tudo que é bom de passar é ruim de contar. E tudo que é ruim de passar é bom de contar.” Esse é o dilema da Vida: ou você vive sem atropelos e a sua vida é um tédio, ou você se arrisca, apanha, apanha, apanha mais um pouquinho, e tem algumas histórias boas para contar, nem que seja apenas para si mesmo, porque nem sempre dá para se contar todas histórias.
2024 tem suas histórias e, como costumo dizer, toda história é um relato de superação.
2025, por sua vez, apresenta seu cartão de visita? A que vem, não sabemos. Terá as respectivas mesmices e surpresas. Terá também as mesmas novidades. A Vida é assim, repleta dos clichês mais inesperados.
Sou otimista em relação ao ano que tão célere invadiu 2024 que mal começara? Não.
Pessimista? Também não!
Sou do jeito dessa frase:
– O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso.
Quem a proferiu?
Adivinha.
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