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Homenagem
04 de dezembro, 2021 - por Max Franco
Há um diálogo no icônico Casablanca (1942) que poderia ser até ignorado não fosse pela sua sinceridade mordaz. O sujeito chega para o personagem de Humphrey Bogart e o acusa “Rick, Você me despreza, não é verdade?”, ao que é respondido da forma mais simpática: “Se eu pensasse em você, talvez lhe desprezasse.”
Essa frase me serve como um verdadeiro mantra até hoje, tantos depois de ter assistido ao clássico. É uma daquelas frases que funciona como um hino motivacional em todas as vezes que me ocorre a mínima ideia de atribuir importância ao que naturalmente não tem.
Outra frase que me ocorre sobre a aparentemente simplória iniciativa de pensar nas pessoas vem na música “scrivimi”, da Laura Pausini, mas melhor cantada pelo Renato Russo:
E se non avrai da dire niente di particolare
Non ti devi preoccupare, io saprò capire
A me basta di sapere che mi pensi anche un minuto.
E se não tem nada particular a dizer
Não se preocupe, eu saberei entender
A mim, basta saber que pensa em mim ao menos por um minuto.
É este o ponto: não há homenagem maior feita a um sujeito do que pensar nele. É, também, por este motivo que o Amor é uma espécie de ódio com o sinal trocado. Afinal, as pessoas nas quais mais pensamos acabam sendo aquelas que amamos e odiamos. É pela mesma razão que o contrário do Amor não é Ódio, mas o desprezo.
Por isso, ter inimigos é atitude das mais tolas. Quando coloco alguém no patamar de ser meu rival, igualo este indivíduo a mim mesmo, reconheço sua relevância, sua altura, sua capacidade de concorrer comigo. Na impossibilidade de não se fazer desafetos, já que é da vida ter lá suas contendas, eis uma explicação racional para não se ter inimigos. Toda inimizade é – a rigor – um elogio.
Penso, logo existo, dizia Descartes. Pense em alguém, ele existirá para você. Não pense e, na maioria das vezes, ele deixará de existir para você. O segredo, portanto é dispensar.
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