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Depois de um tempo
13 de abril, 2016 - por Max Franco
Depois de certo tempo serelepando por aí, aprendi certas coisas e desaprendi outras. Umas, aprendi, depois desaprendi e aprendi de novo. Uma daquelas que só precisei aprender uma vez foi uma compreensão simples, mas implacável:
– No mundo dos adultos, há sempre contas a pagar. Não há um só ato nosso que não traga débitos. A Vida, por vezes, demora um pouco para cobrar as suas promissórias, mas ela é uma excelente financeira e nunca se esquece do que tem a receber.
No mundo dos adultos, isso é claro como uma manhã de sol: há contas a pagar para qualquer decisão sua.
É oportuno, então, conferir a sua conta bancária antes de partir para o seu dia.
O que não se extravia com os anos? Sobre a terra e abaixo do sol, será o tempo a ferrugem que tudo corrói?
Aos 45, deveríamos ter ciência de algo. Aos 30, eu tinha. Aos 18, mais.
Depois, as certezas foram perdendo os megapixels.
Ideologias subiram o nono andar e despencaram dos seus patamares.
Convicções sucumbiram extraviadas pelo caminho.
Há quem para confiar? O que não cai pela falta de fundamentação,a incoerência empurra.
Hoje, me olho no espelho e encontro – vacilantes – um agnosticismo político, uma anarquia religiosa, que, antes, inexistiam. Acreditar, afinal, tanto acalenta, acalma, aquieta e consola.
Mas, como atualmente um homem confiaria noutro homem?
Palavras são tão doces de manipular.
Como viver sem qualquer certeza a não ser a da interrogação crônica?
Hoje, acho quase bonito quem morre por causas. E, principalmente, quando estas causas têm sobrenomes.
Mas, como morrer se elas mal vivem. Falta-lhes a nutrição da verdade, o respiro da realidade, o sangue da congruência.
Venderam nas praças todos os ideais de outrora. Eu havia comprado alguns a alto preço. Hoje, não valem mais nada.
Mas, sou teimoso e busco todos os dias um terreno firme para pisar. Paquero hipóteses. Namoro teorias. Noivo especulações. Bato palmas, toco a campainha, mas ninguém escuta ou atende. Talvez porque não haja gente em casa, ou são apenas surdos.
– O fato é que um homem precisa de esperanças, mas o mundo anda muito avarento em fornecê-las.
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