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Os Bórgias
13 de abril, 2016 - por Max Franco
Temos o privilégio atualmente de ter um excelente líder no trono papal. Francisco é um ser humano excepcional. Não acho que conseguirá realizar todas as reformas que deseja e que seriam tão bem-vindas para a igreja moderna, mas não há como se duvidar da sua boa vontade, do seu carisma e da sua humanidade.
Mas, nem todos os papas tiveram estes predicados.
Aqui, vou falar de um papa que está para Francisco o que Hitler está para Madre Teresa.
Há coisas que olho e entendo e outras que mesmo olhando muito não compreendo patavina. Terá sido por falta de expectadores que a série “Os Bórgias” foi interrompida? E se a gente fizer uma campanha enorme nas redes sociais, ela volta?
Decerto, não foi por carência de conteúdo, afinal, a história testemunhou ainda muita coisa depois do período no qual acabam os episódios. É uma pena!
A série protagonizada pelo afamado Jeremy Irons ( A casa dos espíritos) traz atores jovens, mas talentosos. A produção deixaria algo a desejar e há alguns equívocos históricos. Como, por exemplo, a guarda do Varicano usar uma vestimenta que só anos depois teria sido desenhada por Michelângelo. Há sim, algumas inconsistências, mas nada que desabonasse a empreitada.
Mas tudo aquilo, de fato, aconteceu? Um papa teria diversos filhos e amantes? Tudo indica, pelos registros, que esta era a “parte fácil” ao que se refere à tortuosa vida do valenciano Rodrigo Bórgia, ou Papa Alexandre VI ( 1431 – 1503). Rodrigo é conhecido como o pior pontífice que já calçou as sandálias do pescador e se sentou no trono de Pedro.
Para os interessados, sugiro o livro homônimo do excelente Mario Puzo ( autor do O poderoso chefão ). Você vai se dar conta de que, comparado com o livro, a série “pega leve” com o papa famoso pela sua venalidade. Os roteiristas usam uma pátina menos carregada do que o romance. Rodrigo é humanizado, carente, muitas vezes piedoso, inseguro e, é claro, tantas vezes pérfido e cruel. Mas esse lado “humano” não é nada explorado ou visto na obra de Puzo.
Afinal, a família Bórgia mantinha um célebre assassino, Micheleto, para evitar opositores veementes. Rodrigo fora eleito comprando votos, usando de simonia. Mas cobrou caro dos seus cardeais. Dizem que o livro “O príncipe” teria sido escrito tendo como inspiração César Bórgia, um dos filhos do papa (que ele fez cardeal aos 16 anos! ). Lucrécia Bórgia é um nome que até hoje é sinônimo de perfídia, porque, como uma princesa, ela era casada – mais de uma vez – por razões de estado. E por razões de estado, ela também era descasada, ou simplesmente o seu marido misteriosamente morria quando a aliança não era mais útil.
O monge Savonarola, queimado na Piazza della Signoria, a mando do Papa proferia que Alexandre era, ao mesmo tempo, “pai, genro e marido ” de Lucrécia.
Muitos panfletos circulavam em Roma e, principalmente, em Florença naquela época. Todos apontavam os pecados da família papal: “O bom pontífice dedica-se ao amor de sua filha, juntando as pedrarias e jóias vindas de todos os lados para enfeitá-la com luxo jamais visto no caminho nupcial, uma filha ligada a ele por um crime imundo.”; Cobrem-no de elogios e de admiração, mas temem sobretudo o seu filho, o fratricida que de cardeal se fez assassino e age a seu bel-prazer. Este, à moda turca, está sempre cercado de um enxame de prostitutas e guardado por soldados armados. A fome do pai e do filho só se satisfaz com o roubo e só com o sangue humano matam a sede.”
Também não faltam descrições de orgias ocorridas no Vaticano, todas promovidas pelo papa e seus filhos licenciosos.
Tudo é verdade ou apenas fruto de uma campanha difamatória?
Não sei… Para fazer algum juízo, sugiro a leitura da livro e que confiram a série.
Alexandre Bórgia era afeito ao veneno cantarella. Dizem que alguns dos cardeais que lhe faziam oposição morreram depois de uma taça “batizada” com uma boa dose desse tipo de arsênico.
– Tudo indica que Rodrigo Bórgia, o papa mafioso, também morreu envenenado.
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