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Os cegos e o elefante
08 de junho, 2022 - por Max Franco
Tudo aquilo que sabemos, sabemos mais pelas narrativas que nos trazem do que pelas experiências que fazemos e conclusões às quais chegamos.
Da mesma forma, somos quem somos mais pelas relações socioculturais do que pelas condicionantes biológicas às quais nos são impostas. Somos – todos – feitos de histórias e, por isso, seres históricos.
O storytelling, portanto, é mais do que um detalhe, mais do que uma ferramenta de persuasão. O storytelling é um determinante produtor e impulsionador de narrativas. E, como tal, define pensamentos, comportamentos, paradigmas, motivações e relações.
É estranho quando descobrimos, perplexos, que não apenas o mundo nos conta mentiras, mas inclusive os nossos próprios olhos e sentidos não cansam de nos iludir.
Podemos, por exemplo, afirmar que o “o todo é o conjunto das partes?“
Vamos apelar para o velho e bom storytelling para que possamos entender, em toda a sua complexidade, o próprio storytelling.
Para isso, vamos tratar dessa fábula indiana:
Um grupo de sábios que também era cegos ouviu dizer que um animal estranho chamado elefante havia sido trazido para a cidade, mas nenhum deles estava ciente da sua forma. Por curiosidade, eles pediram para que os trouxessem o bicho para que pudessem inspecioná-lo e conhecê-lo pelo toque.
O animal, então, foi trazido para os sábios e, sem demoras, partiram para a empresa de analisá-lo.
O primeiro cego, o mais velho, pousou a sua mão na tromba e disse:
– Este ser é como uma cobra grossa!
Para outro cuja mão chegou à orelha, falou:
– Parece-me uma espécie de leque!
Outro sábio colocou a mão na perna do animal e declarou:
– O elefante é um pilar como um tronco de árvore.
Já o cego que colocou a mão do lado do bicho disse que o elefante era uma parede.
Outro que sentiu o rabo, descreveu-o como uma corda.
O último sentiu sua presa, afirmando que o elefante é como uma lança.
Por fim, cada um “viu” apenas uma parte do elefante sem tê-lo visto de todo. Todos saíram com impressões equivocadas do animal porque tiveram acesso somente às partes.
Não seria exatamente da mesma forma que vemos o mundo e a vida? Afinal, acessamos apenas às partículas de um grande, imenso, todo. Sabemo-lo?
Dificilmente, porque somos meio cegos e pouco sábios.
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