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A covardia
09 de julho, 2022 - por Max Franco
O maior dos vícios é a covardia.
– Pode crer!
Mas não é maior por nada. É maior porque a Covardia é mãe de uma penca de desvirtudes.
O sujeito isento de generosidade, o avarento, é egoísta porque tem medo de não ter mais posses para bancar o seu bem-estar;
O desamado não ama por medo de ser rejeitado;
O ciumento, por sua vez, tem fobia da traição;
O preguiçoso tem pavor de trabalho;
O adulador é um dos piores covardes. Ele tem medo de que descubram sua natureza débil e, por isso, se rebaixa até o subsolo da própria falta de dignidade;
O desinteligente tem medo de pensar e, ao pensar, se saber limitado;
O ignorante, medo de estudar e perceber o quanto ignora;
O soberbo morre de medo de que percebam que, de fato, ele não vale grande coisa;
O glutão tem medo da fome e o depravado, da entrega;
O invejoso tem medo de jamais ter o que o outro tem;
O machista tem pânico de mulher;
O homofóbico, terror dos próprios desejos;
O racista tem medo do diferente;
O xenófobo, do que não sabe;
O agressivo, este tem medo de que notem a sua fraqueza;
O covarde é o canalha-mor, que tem medo de que apontem os seus medos e vazios existenciais. Covarde nem amigo tem. Covarde tem cúmplices.
Covarde não tem amigos porque não confiam em ninguém. E – por isso – trai antes de ser traído. Covarde é desamigo a priori.
Covarde acorda e dorme com horror, com um medo terrível, de que percebam o seu espírito quebrado, a baixeza da sua ausência de coragem.
Não há nada de amedrontador no medo. Medos, todos temos. Medo é pedagógico, prudente e saudável. Quem não tem medo não é corajoso, é alienado. A questão é o que fazemos com o medo que temos.
O covarde é aquele sujeito que se define pelo medo.
Afinal, covarde tem medo de Vida.
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