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Quantidade em vez de qualidade
04 de maio, 2016 - por Max Franco
Não dá para se iludir: relações são trocas.
E amigos são feitos a partir de interesses, sejam comuns, sejam em algo que o outro possa me prover. Hoje, por sinal, há inclusive terminologia técnica para isso: networking. Amigos com objetivos profissionais. Em outras palavras: amigos por interesse. O fato de cogitar isso de forma assim tão fria, estratégica, quase pedagógica, me empurra uma coisa ruim no estômago e, além de tudo, me faz observar gravemente o quanto sou, de fato, um desajustado, porque acho que nunca vou conseguir me adaptar aos ditames da coletividade moderna.
Isso, porque, sou oriundo de uma mentalidade, talvez caduca e ultrapassada, que prega que amigo é coisa sagrada. Um lance como daquele filme “Stand by me”, campeão de audiência nas sessões da tarde reprisadas com fartura na minha adolescência. Amigo, na minha visão jurássica, é o parente mais próximo que não temos na família. Para mim, amigo não é meio de nada. Amigo é fim.
Eu tenho algumas prerrogativas para apelidar alguém de amigo e não tem muito a ver com qualidades, mas quantidades. Quantidades de decência, sinceridade, espontaneidade.
Não me adapto a gente fake, de personalidade genérica e caráter escorregadio.
Gente não pode ser artigo pirata.
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