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O brasileiro mundo afora
17 de junho, 2016 - por Max Franco
Há uma questão que hoje me ocorreu: como estamos sendo enxergados pelo mundo?
Não estou falando no campo da política. Estou seguro – por sinal – de que nem nós, que estamos com os pés nesse território, nem ninguém fora dele, temos a menor noção do que realmente está acontecendo nesse país e, pior, como vai ficar. Por isso, não me deterei nessa análise exacerbada. Quero falar é do brasileiro pelo mundo. Como somos vistos pelos demais povos?
Eu que caminho por aqui e por acolá faz 25 anos, consigo entrever alguns detalhes que mereçam algum enfoque.
O que aconteceu com o Brasil? – É a pergunta que mais escuto hoje em dia. Uma questão que sempre vem acompanhada com certo ar de pena. E me serve para observar como é uma delícia ser brasileiro espalhado pelo mundo atualmente.
Atualmente, entre os povos que, maciçamente, andam debandados pelo mundo ao lado de chineses, indianos, americanos, de longe, ao menos entre estes, a imagem mais simpática é a nossa. Brasileiro, de modo geral, é um sujeito boa praça. Além disso, quando podemos, somos bons gastadores, enquanto um bocado de turistas (inclusive europeus) são farofeiros sem farofa e andam por aí com mãos fechadas e sanduíches feitos em casa.
O brasileiro médio quando viaja pela Europa, por exemplo, gosta de comer bem, de dormir em hotel legal e, é claro, de comprar.
Quem não tem simpatia por um povo com esses predicados? Se desse gorjetas e falasse mais baixo seria perfeito!
Há uma coisa que não muda, no entanto. Um detalhe que me aborrece um pouco. É o fato de sermos sempre recebidos com um sorriso. Não um sorriso de bem-vindos, mas de graça. Como se a gente fosse, a qualquer hora, contar uma piada. Como se esperassem que, por sermos brasileiros, rapidinho iríamos começar a sambar, ou a fazer uma embaixadinha com uma bola, ou puxar uma arara do nossos bolsos. Brasileiro é a piada delivery.
Eu conheço esse sorriso e é um sorriso de preconceito. Não – obrigatório – de discriminação, mas de preconceito. De conceito preestabelecido. De que somos um povo alegre, jovial, liberado. “O brasileiro é um português à solta”, me disse uma vez um lusitano.
Este é um sorriso de macaco no circo. É da mesma qualidade daquele tipo de preconceito que nós, cearenses, somos habituados no resto do país. Quando eu chego hoje em qualquer ambiente em São Paulo e me apresento como cearense, tenho sempre a impressão que esperam que eu conte uma piada, anime a noite, faça alguma presepada. Só de mal, fico sério.
O cearense é o bobo da corte do Brasil. E o brasileiro é o cearense do mundo.
Eles sabem que temos problemas, mas quem não tem? Ok, a Noruega não tem, o Canadá, a Suécia tem poucos… E daí? Quem quer ser canadense? Nada acontece no Canadá além de frio!
Esse tipo preconceito é causado sempre pela falta de informação. É a generalização do minúsculo. É pensar que todo italiano é mafioso. Que todo islamita, terrorista. Todo colombiano , traficante. Todo flamenguista, ladrão (ps. alguns não são!).
É ignorância com todos os acessórios que essa palavra pode ter.
Charles de Gaulle teria dito uma vez que “O Brasil não é um país sério”. É verdade que não é. Nada parece sério abaixo da linha do equador. Talvez nem precise ser (tanto!). Há sisudez demasiada no mundo. Podemos contribuir com a nossa alegria e informalidade, mas nem por isso devemos aceitar que sejamos destratados porque somos o que eles chamam de “exóticos”. Cabe ao brasileiro, então, não justificar as expectativas. Agir com respeito, mas sem submissões. Você está pagando, exija.
Educação é sempre a solução (e não só para o Brasil!).
Quanto mais gente informada, com leituras, com viagens, tivermos, menos preconceitos haverá na praça. E no mundo.
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