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A Educação de ontem e daqui para a frente ( Ou Vamos para de atormentar as crianças, por favor!)
16 de abril, 2017 - por Max Franco
Eu não fui um aluno exemplar.
Nunca caí em recuperações nem sequer resvalei em grandes percalços, mas vivia tropeçando nos números e escorregando em fórmulas. Tive alguns bons professores, porém tão poucos, mas tão poucos, que poderia, inclusive, enumerá-los.
A maioria, entretanto, migrava de um conceito ruim para um sofrível.
Hoje, anos depois, fico cismando por que os considerava assim tão ineptos para a função que exerciam. Tenho lá as minhas desconfianças de quais são as competências que um profissional de Educação precisa ter para ser considerado um grande professor.
A minha história profissional e prática atual me permitem observar os desafios do educador na modernidade com certo privilégio, afinal são quase 30 anos trabalhando em Educação e, neste tempo, ocupando vários cargos. Além de professor , fui coordenador de artes e de viagens pedagógicas, como também, diretor de projetos de inovação. Atualmente, sou professor de professores no Instituto Brasileiro de Formação de Educadores.
Depois de ser volante, lateral, atacante e técnico neste esporte, exercendo tantas funções diversas dentro deste campo, acredito possuir certa condição de emitir alguma sugestão sobre como deveria agir professor atual para lograr maior sucesso com os seus alunos.
Antes de tudo, acho que a questão é exatamente esta: só há um termômetro, a satisfação dos aprendentes. O professor pode ter mestrado e doutorado, pode ter ganho o Nobel ou o Pulitzer, mas se não sabe cativar o seu aluno e ensinar o que ele precisa aprender, não tem jeito. Melhor virar pesquisador, meu amigo! A sala de aula precisa de alguém com menos títulos e mais mão na massa. Não é medalha que ganha corrida, mas correr bem.
Sou grande admirador da obra de Joseph Campbell e tem algo que o grande estudioso dos mitos diz que me vem à mente agora que estamos discutindo Educação nos tempos atuais. “Dizem que o que todos procuramos é um sentido para a vida. Não penso que seja assim. Penso que o que estamos procurando é uma experiência de estar vivos.”
Hoje é o só que se fala, economia da experiência, turismo de experiência, prover experiências relevantes… Por que não se fala também de “Educação da experiência”? Afinal, é justamente nesse campo que a Educação precisa crescer ao proporcionar aos estudantes maiores possibilidades de prática e de relacionamento com os conteúdos. O aprendiz não suporta mais ser passivo neste processo. Esta é a questão! Ele não suporta mais tantos conhecimentos-abobrinhas sendo empurrados pela sua goela. Eu também odeio abobrinha, em todos os sentidos.
Ele quer aprender, é claro! Mas não mais o que aprendemos e, principalmente, como nós aprendemos. Precisamos urgentemente rever a famigerada grade da BCNN ao mesmo tempo em que revemos a nossa metodologia. A aula expositiva é só um dos recursos. Não é obrigatória o tempo todo! Há tantas outras ferramentas, como estudos do meio, viagens pedagógicas, fóruns, debates, storytelling, simulações, dinâmicas, gamification, sala de aula invertida… Mas sabe por que a aula expositiva é onipresente? Porque falta iniciativa, preparação, formação e sobra comodismo ao professor.
O antropólogo Edgar Morin vive dizendo: precisamos educar os educadores.
Precisamos vigiar e punir menos e experienciar mais. Precisamos menos de Ausubel e mais de Dewey.
Precisamos permitir que os aprendentes se tornem o que querem ser: protagonistas do seu próprio processo de ensino e aprendizagem.
E nós, o que faremos? Seremos os motivadores, mentores, facilitadores, animadores e, principalmente, os curadores deste conhecimento. Há tanta informação disponível, não é? Quem pode validá-la e apontar as relevâncias, além de nós, os professores?
Estive em 2014 na Finlândia para conhecer o seu sistema educacional que coloca este país – nos últimos anos – entre os primeiros no ranking do PISA quando falamos de desempenho dos alunos. Estão sempre no início de qualquer lista, é impressionante! Esperava encontrar escolas aparelhadíssimas, salas de aula tecnológicas e metodologias revolucionárias. Assustei-me deveras ao observar que não há nada de outro mundo. É lógico que o aparelhamento é melhor do que a maioria das nossas escolas públicas, mas não é esse o principal elemento diferenciador entre nós e eles. Qual é, então? Você já entendeu: o professor. O profissional é diferencial. O professor finlandês é preparadíssimo (além de muito bem remunerado!). Se formos perguntar aos canadenses ou aos coreanos, também eles campeões no Pisa, sabe o que ouviremos? Adivinha? A mesma coisa: quem faz a diferença é o professor.
Muita vez, nas minhas aulas e consultorias em escolas, escuto uma pergunta recorrente:
– Professor, nós sabemos que precisamos ser mais inovadores e criativos, mas como podemos envolver mais os nossos alunos?
E eu respondo:
– Mude os métodos! Quer uma boa dica, façam, por exemplo, com os seus alunos o método CPCE. Como é, simples! Realizem trabalhos que os façam Competir, Participar, Colaborar e Expor. TIREM UM POUCO DAS SUAS MÃOS AS RÉDEAS E AS ENTREGUEM PARA ELES. Vai lhes dar medo no início, mas depois, todos vão se acostumar e ganhar com isso.
Eles vão amar as suas novas aulas, garanto! Experimentem!
No final, acho que era isso que eu detestava quando aluno e continuo detestando hoje que sou professor de professores: a educação da inércia.
Pois a substituamos pela Educação da experiência.
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