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A Empresa-escola

27 de janeiro, 2023 - por Max Franco

A Educação vive em crise não é de hoje. Só que, nesses tempos de pós-pandemia, vivemos uma crise dentro da crise. É a crise ao dobro, ou ao cubo, dependendo da ótica pela qual se enxerga. E, no mundo corporativo, não é diferente.

Observa-se, portanto, que a crise demonstrou inúmeras debilidades em diversas áreas da nossa sociedade atual e, em especial, na Educação. Tanto que, de maneira geral, os gestores e educadores têm batido cabeça sem saber exatamente o que fazer agora. O momento atual pede – na verdade, exige – que exista foco na Educação e na Formação de estudantes e profissionais. Em síntese, precisamos que estudantes sejam ainda mais estudantes, profissionais se tornem, também, estudantes, como também, da mesma forma, Escolas e Empresas se dediquem a treinar e atualizar os respectivos professores, colaboradores e, principalmente, os seus líderes. As demandas do mundo atual não têm a menor piedade daqueles que não se atualizam, por isso gestores necessitam, cada vez mais, se tornar educadores.

Mas, os professores estão preparados para construir esses conteúdos? Os educadores sabem lidar com as tecnologias? Entendem como aplicar as metodologias? Empresas sabem ser escolas?

Não é nada simples, porém, muitos profissionais, em vez de apenas se dedicarem ao catálogo do Netflix, estão aumentando o próprio repertório e se aperfeiçoando como profissionais.  Uma das abordagens mais comentadas nos últimos tempos é a proposta da “Trilha de aprendizagem”.

Antes de tudo, devemos entender que  trilha de aprendizagem é um caminho flexível e alternativo de desenvolvimento de pessoas. Deve-se saber, portanto, que é preciso construí-la como uma sequência contínua em diferentes níveis e graus de aprendizagem e conhecimento.

A escola básica e superior estão desnorteadas por uma razão simples: de uma maneira geral, nunca precisaram – tão urgentemente – se adaptar à realidade. Em outras palavras, estão viciadas na “velha aula”, se esquecendo de que há outras formas de se ensinar e aprender sem a obrigatoriedade da aula expositiva e tradicional.Há outras metodologias que demonstram eficácia até melhor.Se falarmos apenas dos métodos de ensino, há inúmeros que podem e devem ser utilizados, tais como o PBL, o storytelling, a gamificação, a educação maker, o uso de projetos, a sala de aula invertida, entre outros. A questão é que a Educação Corporativa também deve ser híbrida e, por isso, plural.

Para se construir uma trilha de aprendizagem para um estudante ou para um profissional, precisa-se, antes de tudo, se realizar uma avaliação das habilidades e competências desse sujeito, tendo como referência o seu Projeto de Vida. Em seguida, deve-se definir quais ações serão necessárias para o seu crescimento pedagógico e/ou profissional e definir os diversos níveis de dificuldades da trilha, avaliando as habilidades cognitivas de cada um,  partindo do mais simples para o mais complexo.

As trilhas de aprendizagem são as ações que promovem um desenvolvimento por meio de diversas formas de atividades. O objetivo desse método é, de forma estratégica, contribuir para a produção do conhecimento necessário a fim de aprimorar e potencializar as competências e habilidades de um indivíduo.

Se falarmos de Educação Corporativa, a questão não é menos complexa.É imprescindível que o profissional tenha mentores ou tutores que os acompanhem, estimulem,ofereçam sugestões, atalhos e feedbacks muito verdadeiros. A formação pode ser, inclusive, gamificada, possibilitando, assim, que os colaboradores recebam certificados para cada curso e, até, diplomas de pós-graduação, MBA e pós-MBA. Há como se fazer isso se as empresas estabelecerem parcerias com faculdades e universidades. O importante é haja uma Cultura de Aprendizagem Contínua dentro da empresa, não importando qual seja a a esfera. E todo mundo precisa estudar, mas, principalmente, os líderes, por esses devem ser os exemplos para todos os demais.

Várias táticas podem ser usadas nessas trilhas de aprendizagem, como cursos paralelos e o uso de outros conteúdos didáticos, como livros, vídeos, sites e palestras online, por exemplo. O livro de autoria do meu amigo, Professor Marcelo Veras, “O líder educador”, trata exatamente das técnicas, estratégias e abordagens que podem ser úteis para quem deseja ser um líder expressivo e inspirador nos tempos modernos. Em suna, ele vai declarar que soft skills podem e devem ser desenvolvidas dentro da empresa. Essa história de “contratar caráter e forma o profissional”, portanto não é uma verdade absoluta. Antes de tudo, porque não somos seres departamentalizados e dissociados. O profissional e o pessoal estão sempre misturados.

Para o mercado de trabalho, é fundamental que qualquer colaborador esteja em perene crescimento. Para tal, é preciso que se mantenha sempre mais atualizado e qualificado para as funções que exerce. O plano de carreira desse profissional precisa estar plenamente associado à sua trilha de aprendizado. Em suma, ele precisa descobrir aonde quer chegar e, ao mesmo tempo, precisa planejar de que forma e se preparar para isso. Nesse caso, todos ganham, tanto ele, quanto a empresa. Para isso, dentro da agenda da empresa e do profissional deve existir tempo para o estudo e, da mesma forma, oportunidades para reflexões, socializações, práticas pedagógicas e, claro, avaliações.

O fato é que – cada vez mais – Empresa deve se transformar em Escola.