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Pense de novo (e de novo!)

25 de janeiro, 2022 - por Max Franco

“Pense de novo” é o segundo livro que leio deste autor que tem sido muito badalado nos últimos tempos. Li “Originais” e, também, gostei. Mas, sem dúvidas, “Pense de novo” é a obra do Adam Grant que mais fez a minha cabeça e sobre a qual gostaria de deixar alguns comentários a fim de incentivar a sua leitura.

“Pense de novo” me foi presenteado pelo amigo de longa data, Marcelo Veras, que também me apresentou Yuval Harari. Ele tem moral então para indicar coisa boa.

Devorei “Pense de novo” no avião de São Paulo para Fortaleza, mas com a sensação de que deveria lê-lo de novo e devagar, fazendo anotações. Gostaria de comprá-lo para presentear aos meus amigos, inclusive, a alguns não tão amigos. Por quê? Simples: porque é um livro fodástico. Odeio adjetivações e também não gosto muito de apelar para a escatologia, mas não encontro outra forma melhor de qualificar “Pense de novo”.

Grant começa com uma história, a qual, por si só já antecipa como será provocadora a sua proposta de argumentação. Ele conta a história de um bombeiro americano que se viu acuado por um terrível incêndio na floresta. O que fez este homem quando se viu acossado pelo fogo, foi algo tão ousado quanto improvável, mas o resultado não poderia ter sido mais exitoso. Foi o não-óbvio! O que, mesmo em um curto limiar de tempo, precisou ser pensado e repensado. É o que o autor nos exorta: livrar-se de ideias preconcebidas e dos caminhos já pisados. É fugir das mesmices, cismar, teimar, rasgar as velhas ideias a fim de encontrar novas formas de ser e fazer.

A técnica do #storytelling é empregada com maestria, porque Grant faz uso constante de histórias para ilustrar as próprias postulações, o que traz ao texto uma natureza ainda mais convincente.

Há alguns pensamentos que merecem ser trazidos à tona a partir da leitura de “Pense de novo”:

  • Quem é inteligente – necessariamente – precisa de humildade;
  • Não vencer a discussão pode ser a melhor estratégia para convencer alguém de algo ou, no mínimo, para estabelecer bases para tal;
  • Ninguém gosta de ser chamado de burro;
  • Dados não são opiniões;
  • O bom funcionário não é aquele que concorda sempre com seu líder;
  • Eu estou errado sobre muitas coisas;
  • Saber escutar é ouro;
  • É melhor ter “síndrome do impostor” do que ser prepotente;
  • Nós buscamos satisfazer, tanto o nosso “viés da confirmação”, quanto o “viés da desejabilidade”, quase o tempo todo;
  • Repensar é melhor que apenas pensar;
  • Nós pensamos errado;
  • Gente demasiadamente segura costuma se equivocar muito;
  • Gente insegura, também;
  • Tenha sempre um pessimista ou um detalhista na sua equipe. E escute-o!

    Pense de novo mostra com bom humor que é possível manter a mente aberta sem perder a confiança. Se conhecimento é poder, ter plena noção do que não sabemos é o crème de la crème da sabedoria. A abordagem de Grant é simples: ao invés de rejeitar a possibilidade de estarmos errados, deveríamos abraçá-la. Admitir essa possibilidade é a chave para o aprendizado e um dos alicerces do pensamento crítico, tão em falta nos dias de hoje. A capacidade de “repensar” pode ser ensinada e deve ser aprendida.

Tudo pode partir de uma mera perguntar (e de ensinar as pessoas a também fazê-la para si mesmas):

– E SE EU ESTIVER ERRADO

A verdade é que essa pergunta é a base para o aprendizado, mesmo se chegarmos às mesmas conclusões de antes. Isso é repensar e não cair nas armadilhas da tal “verdade absoluta”. Crenças podem e devem ser questionadas. enquanto nos questionamos não é nada fácil, com o intuito de levarmos em conta os outros lados da questão. Afinal, não há ninguém mais falível do que o dono da verdade.

Adam Grant é reconhecido como um dos estudiosos mais influentes na área de recursos humanos.