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Uma mudança de era

23 de setembro, 2021 - por Max Franco

Há cronistas e analistas da contemporaneidade que afirmam que estamos vivendo uma grande mudança de fase da História.  Para eles, no futuro, novas gerações estarão se referindo a este momento no qual estamos inseridos como um divisor de águas e, talvez, a verdadeira fronteira entre o século XX e o XXI.

Para nos ajudar a entender as diversas fases da História da Humanidade, os livros de História costumam organizar a cronologia  tendo como referências acontecimentos emblemáticos que acabam determinando o início e o fim de cada era. Não devemos ter uma visão engessada acerca dos períodos históricos e dos marcos que estipulam a passagem de um período para o outro, mas é interessante que saibamos entender que existem fatos de relevância tão poderosa que, realmente, têm a capacidade de impulsionar transformações sociais e culturais. E por que não dizer “mudar a história”?

Da mesma forma que o limite entre pré-história e História é a invenção da Escrita, mais ou menos, 4 mil antes Cristo; que a idade antiga vai até a queda de Roma em 476 D.C; que a idade média acaba com a invasão dos turcos-otomanos à Constantinopla em 1453; que a revolução Francesa precipita o fim da Era Moderna em 1789; que a Idade contemporânea aí começa e chega até os dias atuais, é possível que estejamos vivendo justamente o término desta fase e o amanhecer de outra. Afinal, momentos icônicos não nos faltam, como o atentado ao World Trade Center, em Nova Iorque, e a pandemia de Coronavírus. Ambos são marcas de um mundo globalizado e interligado. Um mundo de intensas transformações tecnológicas e de padrões de comportamentos. Há a possibilidade de sermos apenas muito pretensiosos ao considerarmos este momento decisório e relevante em detrimento de outros aos quais reputamos menor importância. Mas não seremos nós que iremos escrever os livros de História em 2121 para atestarmos 100% tal robustez. Poderíamos, portanto, ter certeza de que estamos fazendo parte de um momento histórico? O futuro falará de nós? E, principalmente, falará de que forma? O mais engraçado deste questionamento é que – de fato – nunca saberemos. Afinal, o futuro chegará, porém nós, decerto, não.
Há um fato, contudo, que não podemos desprezar: mudanças sensíveis e profundas estão ocorrendo na sociedade. O advento da pandemia, por exemplo, precipitou e adiantou diversas transformações comportamentais, culturais, sociais e tecnológicas que só se dariam em anos ou em décadas. 
Mas precisamos aqui fazer um recorte para não cairmos em digressões gratuitas:  o que essas transformações têm a ver com a Educação?
 
A resposta é simples, mas as medidas para resolver essa complexa equação não tanto.
 
O fato é que não dá para se educar da mesma forma que se fazia na etapa anterior. As mudanças são muito profundas para que usemos as mesmas estratégias e tenhamos os mesmos objetivos. Mas o problema é que temos instituições e profissionais com práticas e mentalidades antigas, quando nossos jovens alunos são nativos deste tempo. Estamos preparados para educar nesta nova fase?
A verdade é que mal estávamos preparados para educar antes da pandemia, ainda mais agora que ela se encaminha para o seu final. Outra verdade é que ninguém – em canto algum  nem em área alguma – estava preparado para uma crise tão formidável e longa quanto a pandemia do coronavírus. Alguns, porém, se adaptaram mais rapidamente. Entretanto, infelizmente, não parece que tenha sido o caso da Educação, afinal, muitas instituições, mesmo depois de todos estes meses desde que se deu início o período pandêmico, ainda não apresentam estratégias que demonstrem resultados aceitáveis quando se fala de desempenho pedagógico. O motivo disto é simples: faltam políticas educacionais de Estado, formação tanto aos educadores quanto aos  gestores educacionais e tecnologias acessíveis. 
A questão é que a História segue o seu rumo, muita vez errático e imprevisível, mas há muita gente que se nega entrar no seu bonde.