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O homem homem do próprio homem

02 de setembro, 2019 - por Max Franco

Thomas Hobbes (autor de Leviatã) tratou do que ele chamou de “O homem é lobo do próprio homem” citando Plautus, homo homini lupus. Um dos textos mais profundos sobre a natureza humana e as suas práticas perniciosas. No entanto, pelo que se observa nas atualidades sobre o comportamento humano, bem que a frase mereceria uma atualização. Talvez seja mais apropriado dizer que “o homem é homem do próprio homem”. Afinal, quem é mais nocivo à humanidade, lobos ou seres humanos? Não há a menor comparação!

Oscar Wilde dizia que “só pessoas muito superficiais não julgam pela aparência!”
Eu passei muito tempo contestando o grande Wilde, até que, hoje, como fosse uma epifania, entendi.
– O que somos acaba se mostrando, de uma forma ou de outra, antes ou depois, cedo ou tarde. As máscaras sofrem pela gravidade como qualquer outra coisa sobre a terra e acabam caindo. Ninguém tem a maquiagem eterna.
Os piores seres humanos com os quais tive o desprazer de conviver eram os de discurso mais ético, de fala mais mansa, de layout incólume. Porém, bastava uma contrariedade ou contradição, bastava uma frustração ou um bom revés, para deixarem escapar as verdadeiras faces.
Não há esse sujeito inoxidável!
Mas os que mais cultivam a “bela imagem”, aqueles que mais se apresentam como bons tendem a ser as mais temíveis feras.
O lobo vestido de cordeiro é sempre o pior lobo.
Mas o disfarce está sempre à mostra.
Basta só ter olhos para ver.
Basta ter ouvidos para escutar.
Temam os de fala macia, de olhos brilhantes e sorriso fácil.
Nada mais perigoso do que o monstro cordial.