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O herói temerário
16 de março, 2019 - por Max Franco
Me diga quem é?
Um sujeito de uniforme, ideais claros, discurso firme, disposto a dar a vida pela sua causa, convicção inabalável e (até) trilha sonora específica.
Talvez você responda: um herói!
Eis a questão.
– Não é um herói. É o atirador da Nova Zelândia. É um canalha inquestionável.
Mas se você lhe perguntasse como se ele define, talvez ele lhe dissesse que é um grande herói. Ou mais: um mártir!
A prova disso é tanta que outras pessoas vão celebrar o seu comportamento, vão considerá-lo também um herói e, é bem possível, que imitem o seu ato.
A busca por algum sentido onde claramente não existe, nesse lugar confuso que é a Vida, faz com que as pessoas construam narrativas para si mesmas. É muito natural que, ao conceber esse enredo, você se coloque na posição de herói, não importando de fato quem você seja ou como se comporte.
Por isso, heróis autoproclamados são tão perigosos.
Aliás, os heróis de verdade não se dizem heróis.
Tenha medo dos heróis.
Tenha mais medo ainda de se achar herói.
Na narrativa de algumas pessoas, você não é.
Convicção demasiada é sempre perigosa. Gente de ‘bem” é sempre muito convicta das suas virtudes e, pior, da sua missão.
Gente com missões é sempre gente complicada.
E se for uma missão dada por deus, aí sim, você deve correr para o mais distante possível!.
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