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A jornada do professor
24 de março, 2018 - por Max Franco
Depois de 30 anos como profissional de educação ocupando várias posições: volante, lateral, atacante e técnico neste esporte, exercendo tantas funções dentro deste campo, acredito possuir certa condição de emitir alguma sugestão sobre como deveria agir professor atual para lograr maior sucesso com os seus alunos.
Antes de tudo, acho que a questão é exatamente esta: só há um termômetro, a satisfação dos aprendentes. O professor pode ter mestrado e doutorado, pode ter ganho o Nobel ou o Pulitzer, mas se não sabe cativar o seu aluno e ensinar o que ele precisa aprender, não tem jeito. Melhor virar pesquisador, meu amigo! A sala de aula talvez precise de alguém com menos títulos e com mais mão na massa. Não é medalha que ganha corrida, mas correr bem.
Neste espaço, empresto o espaço para outro profissional de educação, este com mais de 40 de docência, contar uma história pessoal. Paulo é professor de matemática em escola básica em Fortaleza, uma disciplina que, geralmente, atrai tantas reticências no Brasil. Paulo me contou, em certo dia, que andava pensando em largar a sala de aula. A sua narrativa, certamente, lhe servirá como elemento inspirador.
Apenas uma aula de geometria
Acabei de criar uma torno para tornear madeira. O objetivo é criar peças em madeira que facilitem a visão espacial dos objetos em estudos, como: cilindros, cones, esferas e outras formas. Trabalho com ensino de Geometria há muitos anos, mas de maneira tradicional. A intenção agora é que os alunos possam criar as figuras. O meu papel é o de dar suporte técnico para que eles possam dar forma às peças. Estou fazendo isso por acredito que não existe idade para você se reinventar e fazer o seu melhor. O torno é apenas uma ferramenta, o mais importante é acreditar que é possível fazer diferente e com isso fazer a diferença.
Foi aí que me ocorreu algo inédito:
Ao demonstrar a fórmula do volume de uma esfera – por sinal uma demonstração que teve grande efeito sobre os alunos – me virei e notei uma aluna com os olhos inundados de lágrimas. Perguntei-lhe se estava tudo bem.
– Sim, professor! E por você está chorando?
– Estou emocionada!
. Emocionada com que, minha filha? – perguntei brincando, mas a resposta me desarmou.
– Foi pela beleza da sua demonstração e a forma com a qual o senhor fez.
– Como assim?
– Com amor, simplesmente, amor pelo o que você faz.
Aí, não teve jeito: desci do batente, nos abraçamos e também chorei, mas, por dentro, porque teria vergonha de mostrar a emoção na sua forma mais simples, em lágrimas. Ao escrever esse texto me encontro chorando, pois voltei a sentir a mesma emoção.
Esse fato marcou minha vida, pois já passava pela minha cabeça a ideia de parar de lecionar. Mas se ainda consigo emocionar alguém com uma aula de geometria, é porque estou no meu melhor momento. Parar só quando não sentir mais beleza no que faço e em como faço.
Paulo Wagner é professor de matemática e Geometria em Fortaleza
> FRAGMENTO DO LIVRO “A JORNADA DO APRENDIZ: STORYTELLING E METODOLOGIAS ATIVAS
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