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Da Vida e das suas Coisas
19 de setembro, 2016 - por Max Franco
A Vida é coisa complicada de se definir.
Não é nada simples se encontrar a distância correta para enxergar com precisão o objeto, nem demasiado perto , nem muito distante. Carece de alguma luz e nenhum ou pouco anteparo. Por isso, é difícil de se definir a vida e as Coisas da vida. Coisas do tipo Amor, Paixão, Sofrimento, ressentimento…
Há sempre ou tanta luz ou quase nenhuma. Está amiúde tão próximo ou com tapumes privando a paisagem.
Por isso, da Vida e das suas Coisas, entendo pouco, e diminuindo.
Sei, porém, que a Vida não brinca de bandeira. A Vida é mais carimba do que pega-pega.
E a Vida acerta com força.
A Vida e suas Coisas lhe chamam para saltar de cabeça no rio. Mas o rio tem correnteza e tem hora que não dá mais pé. Aí, você afunda e sobe para tomar ar, mas nem os braços nem as pernas têm as forças para lhe sustentar, não há nada para se agarrar, e você afunda mais uma vez.
Lá embaixo, o abraço do rio é frio e escuro. O ar lhe falta e a desesperança lhe envolve. Você tem medo de subir, não suportar e descer de novo. Você tem medo é de não querer mais subir.
É que desistir – embora seja fatal – inspira certo alívio. A doçura da inércia, o alento da lassidão. Você não mais se debate, não pula, não morde e arranha. É a paz da desilusão. Na morte, não há dor nem angústia. Viver é que dói. Dói e machuca.
O generais romanos, após a vitória na batalha, entravam desfilando em glória na cidade eterna. Mas, traziam na biga um escravo que lhe repetia ao ouvido: “lembre-se que é apenas um mortal”. Isso é muito lindo e forte, porque, de fato, tudo passa. Até dizer que tudo passa. Mas, o que sussurram quando a luta foi perdida? O que lhe repetem antes do afogamento?!
Há desses dias nos quais o convite soprado nos ouvidos não é nem o de se deixar submergir com o desespero, nem o de forçar as braçadas. Basta sobreviver. Basta boiar um pouco. Seguir a correnteza, angariar energia e coragem, mirar a margem…
Quase todos os dias são desistências ou resistências.
E há um dia ou outro, no qual você não deseja o menos, não almeja o mais. Você quer apenas ficar na superfície e respirar mais um pouco.
Há dias de se respirar.
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