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Dessabedor
31 de janeiro, 2018 - por Max Franco
Talvez seja pela influência da cronologia, mas dei para para me flagrar tecendo contabilidades.
E entre elas, das coisas que não sei. Observei que devo ser um equívoco ambulante de tanto que não sei.
Não sei, por exemplo, dançar nem andar de bicicleta.
Não sei física nem química nem quase nada de biologia. Sei a matemática do dia-a-dia sem exageros.
Não sei alemão. Não sei mecânica. Não sei jogar basquete. Não sei jogar pôquer. Não sei plantar. Não sei tratar mal quem gosto. Não sei falsidade. Não sei humilhar humilhados. Não sei a capital do Uzbequistão. Não sei surfar. Não sei saltar de paraquedas. Não sei cozinhar. Não sei viver sem os meus. Não sei viver mais ou menos. Não sei amenidades. Não sei sorrir se não quero. Não sei dizer adeus para quem não quero dizer adeus. Não sei esquecer. Não sei adular. Não sei a língua do Uzbequistão. Não sei onde é o Uzbequistão. Não sei o motivo de ter incluído o Uzbequistão nessa mea culpa pública de ignorâncias absolutas. Não sei o que é absoluto. Não sei não saber e não estou seguro de que sei o que sei. Apenas sei desses desconhecimentos todos e de uns pouco, muito poucos e, às vezes, gratuitos conhecimentos.
É muito triste se saber tão dessabedor no meio de gente tão sabida.
Todos os meus contemporâneos sabem tudo e têm muita certeza disso.
Eu sei mal das minhas dúvidas…
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