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Quer conhecer realmente alguém?

25 de abril, 2016 - por Max Franco

Quer conhecer realmente alguém? É simples: viaje com ele.

Ou com ela. Ou com ambos. Viaje com, este é o ponto.

Quer conhecer de fato? Trabalhar, conviver, morar com –  todas essas atitudes – decerto, contribuem para se conhecer alguém. Todavia, é numa viagem que as pessoas desnudam as suas máscaras. Máscaras, as quais, não tem jeito, todos usamos no nosso cotidiano. Há a máscara para o trabalho, para os amigos, para a família… Honestamente, não somos tão honestos e transparentes quanto gostamos de parecer que somos. Há palcos e uma máscara para cada um deles. Como Wilde dizia: o natural também é uma pose.

Quer demover estas máscaras? Viaje com as pessoas.

Não sei se devia aconselhá-lo. A maioria das pessoas fica melhor de máscara. Asseguro-lhe.

O fato, no entanto, é que elas caem porque a gravidade atua sobre tudo. Até sobre camuflagens civis.

A viagem traz um elemento que o dia a dia nem sempre proporciona: o improviso. É exatamente enxergando como o sujeito “parceiro de viagem” lida com as surpresas (tão comuns em viagens) que conseguimos entrever pelas frestas da carapaça bem assentada quem realmente é este cidadão.

Eu, que já fiz tanta estrada e tanta estrada acompanhado, posso dizer de cátedra: descobri pessoas viajando. Algumas extraordinárias e outras ordinariamente péssimas.

A minha dica final é simples: evite cair duas vezes no mesmo erro. Caso encontre das melhores, aquelas pessoas que sabem rir das gafes, que tiram a solução do chapéu , que se adaptam às condições, que inventam alegrias, não as solte por nada desse mundo.

Já se, por azar ou obrigação, a vida lhe colocar na poltrona ao lado aquela gente capenga de alma, gente desconfiada, rancorosa, recalcada, melindrosa e hipócrita, a minha dica é objetiva: (antes da dica, um “sinto muito” bem sentido. Bem sei o que é conviver com o inconvivível acachapante e a sensação é parente daquela que se tem quando alguém – inadvertidamente – esmaga os seus testículos. Quem não tem testículos pode fazer algum exercício de criatividade!). Mas, agora a dica: não perca a sua viagem por causa de maus viajantes. Caso não exista um amigo ou algum candidato a amigo nesta jornada, procure, vasculhe e encontre um espaço só seu para que você possa respirar o ar daquele ambiente sem infortúnio da má companhia.

Há, também, sempre a possibilidade de um sujeito possa demonstrar um lado bacana que, até o momento, você não tinha conseguido perceber. É possível. Já me ocorreu. Vamos torcer que seja o caso.

Porém, se não for, e o companheiro de estrada for um cretino, não insista, só tem um jeito: reparta o caminho, mas não compartilhe a caminhada.

Há sempre com se estar (beneficamente) só, mesmo acompanhado.